segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Não sou dono de mim mesmo...

Você já sentiu como se o mundo onde vive houvesse se tornado estranho?

Fala-se muito em paz, há muita gente pregando honestidade, princípios, solidariedade, mas NA PRÁTICA, o que você vê?

O que eu vejo é sujeira escondida sob o tapete; é um conjunto de princípios RELATIVOS, pois eles costumam mudar quando confrontam com interesses egoístas; é uma solidariedade fingida, já que só se é solidário até o ponto onde isso não nos incomoda.

Por que ninguém tenta ser solidário com o que tem de melhor, em sua vida? Por que a solidariedade é encarada como uma entrega daquilo que nos sobra? Que tal pensarmos em sermos solidários com o que de melhor temos, ou podemos fazer? Nosso tempo, por exemplo!

O ser humano, criatura de Deus, quer usar todo o universo para seu próprio bem e, em verdade, não se importa com seus demais, ainda que diga o contrário.

É egoísta, egocêntrico, teimoso e arrogante. Isso me faz, muitas vezes, questionar por que Deus ainda preserva o ser humano.

É que o homem de hoje, em nada mais, assemelha-se com o projeto de Deus.

Nessa viagem que é nossa vida terrena, temos que nos conscientizar de três posturas éticas que nos levam a lugares de destaque: 

a)   a) Precisamos estar com nosso equipamento em dia. Nenhum veículo chega a lugar algum se não estiver com sua mecânica funcionando. Você já se questionou sobre como está teu coração? Você está de bem consigo mesmo?

b)   b) Devemos cuidar para não colidir com os outros veículos. Pois, mesmo que estejamos com nossa mecânica em dia, se colidirmos com os demais veículos, certamente não chegaremos ao destino. Como você age com teu próximo?

c)    c) É urgente verificarmos que nossos veículos podem pertencer a outra pessoa. Você já parou para se perguntar se o teu corpo é, exclusivamente, teu? Será que você não tem um dono? E, sendo você de propriedade de alguém, que tal perguntar para esse alguém qual é o destino que Ele quer que você empreenda?

Vamos lembrar que fomos comprados por um alto preço. E que quem nos comprou tem um destino para nós. Um destino ETERNO e ABENÇOADO; de felicidade e prosperidade.

Que tal entregarmos nosso destino nas mãos de quem sabe para onde vamos? 

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Delírio

Nesses meus delírios absolutos e mais íntimos, tenho descoberto que muito do que se acredita, muito do que tem valor e grande parte daquilo que é verdadeiro tem perdido o sentido.

Vejo que as decisões das pessoas não perderam, todavia, o "senso". Mas estou me referindo apenas ao senso COMUM (e não ao crítico - esse escafedeu, há décadas, de nossa cultura).

Hoje em dia,as coisas são feitas "porque todo mundo pensa assim", ou "porque todos fazem dessa maneira".

Nesse "senso", os jovens se beijam sem se amar e sem ter qualquer compromisso... (chamam isso de "ficar")

Também por essa ideologia, todos sonegam impostos, com a maior cara lavada (esquecem que sonegação fiscal é crime, e dá cadeia! - mas "todo mundo faz isso").

"Achado não é roubado", mesmo que alguém tenha perdido um objeto que, realmente, lhe é importante, e possivelmente esteja procurando por ele.

Uma "mentirinha" para se sair bem em algum negócio, também, virou coisa normal.

Vender o carro, o cavalo, a casa, o computador, e dizer que está "novinho em folha", quando, na realidade, está a um passo de se tornar inútil, "não tem nada de mais", pois "faz parte dos negócios".

Eu também não sou perfeito, mas graças a Deus ainda não perdi o senso CRÍTICO.

Já tem gente me dizendo que não sou desse mundo...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

TERROR a bordo


Lá estava eu, voando de Salvador a Brasília, numa bela manhã de sábado, quando fui obrigado – não mais que de repente – a botar meu esfíncter para trabalhar... Parece que o lanchinho do avião teve um efeito laxante imediato, muito mais poderoso que o TURRRRRBO LAX que eu tomava nas épocas de prisão de ventre.

- Tudo bem. Pensei eu, pois dentro de uns 30 minutos chegaríamos ao aeroporto de Brasília, onde eu teria tempo de sobra para me esvair num banheiro decente.

É que, segundo meu bilhete de viagem, eu deveria chegar a Brasília às 8h30min e só sairia de lá cerca de 40 minutos depois. Calculei que poderia ficar, sossegado, uns 25 minutos no banheiro, o que me renovaria as forças, fazendo de mim um novo homem.

Ocorre que, para minha ingrata surpresa, nosso vôo havia atrasado e, quando olhei no relógio percebi que apenas teria 10 minutos para fazer minha conexão de um vôo para outro. Resultado: tive que fortalecer os músculos de meu ventre, para segurar o trem que estava por chegar na estação cu... (perdão pela expressão).

Eu e a Dania corremos pelo tunelzinho que saía de nosso avião e entramos correndo pelo tunelzinho do outro (entenderam, certo? Não sei os termos técnicos) e sentamos na exata hora da decolagem (ufa!).

A correria me fez esquecer um pouco o trem... mas quando me recordei que só chegaria ao destino duas horas e meia depois, não teve jeito: decidi enfrentar o assombroso banheiro unissex do avião.

Ao me levantar de meu assento, todos os demais passageiros já me olharam com aquela certeza de que eu estaria “desarranjado”, e que iria demorar no banheiro. Incorporei um olhar altivo – como quem não estivesse nem aí para o que os outros pensassem – e dei largos passos em direção ao banheirinho.

- Puxa vida! Pensei... – Como esse avião é comprido!

Chegando lá, adentrei na salinha de tortura.

NOTA: Naquele momento estávamos voando há cerca de 10.000 metros de altura, a uma velocidade média de 800 km/h. Nunca tinha cagado a essa velocidade, eheheheh!

Tranquei-me devidamente, para não ser surpreendido por nenhuma comissária de bordo, o que me constrangeria muito, e comecei a ler as instruções do banheiro...

Saquei uma unidade do “papel protetor de assento sanitário”, colocando-a, cuidadosamente, no devido lugar. Sentei-me e comecei a tarefa.

Na verdade, confesso que não foi difícil botar o trem para fora, pois estava sob o efeito da dose dupla de laxante que a comissária de bordo colocou no meu suco de goiaba, só para ficar rindo de minha cara (aposto!)

Surpreendi-me com a quantidade de trem que meu corpo estava expelindo... enquanto isso, distraía-me lendo as instruções complementares do banheiro:

“...Por cortesia, sugerimos que use sua toalha de papel para limpar a pia, em respeito ao próximo usuário”

“...Deposite lenços de papel, toalhas de papel e absorventes higiênicos aqui”

“... NÃO DEPOSITE PAPEL HIGIÊNICO NESSE COMPARTIMENTO”

Aí pensei... em que misterioso lugar devo jogar o papel higiênico???

Enquanto fazia força, empenhei-me em procurar o lugar para depositar o produto da minha limpeza higiênica. Descobri que naquele raio de banheiro não havia outro compartimento senão uma pequena portinha para jogar lenços de papel etc, mas que NÃO SERVIA para jogar o papel higiênico.

De repente, notei a existência de um pequeno alto-falante, mais ou menos na altura de minha cabeça.  Não entendi o porquê desse equipamento. A resposta, para meu terror, veio em seguida:

“(pliiiiimmmm!) Senhores passageiros, aqui quem fala é o comandante. Solicitamos que todos afivelem seus cintos de segurança e coloquem seus bancos na posição vertical, pois adentraremos numa área de instabilidade que poderá gerar bastante turbulência”

Senti-me num cenário de filme de terror. Eu nem sabia que tinha claustrofobia, mas naquele momento, notei que estava num cubículo de 1x1,50m2, que mal permitia que eu me movesse...

Pensei: _ “onde está meu cinto de segurança??? O que eu vou fazer com o trem que não pára de vir???”

Sequer tive tempo de tirar alguma conclusão, e aquele outro trem (o avião), começou a balançar, chacoalhar, jogar de um lado para o outro, subir e descer... e eu com a bunda no vaso sanitário, sendo arremessado de um lado para o outro, tal qual a bolinha que tem dentro dos sprays de pintura...

Imediatamente, comecei a orar... senti-me abandonado por todos e numa situação pra lá de constragedora...

Mesmo antes de a turbulência acabar, resolvi limpar o bumbum... pois não tinha mais clima para fazer a “tarefa”.

Ok... limpei... o papel ficou desastrosamente sujo... e... ONDE JOGAR???

Como não encontrei outro lugar, pensei... “exploda-se” e depositei-o lá onde dizia para NÃO O FAZER...

Pensei – coitado de quem fizer a manutenção...

Mas logo depois de fazer isso, notei que, em linhas menores, e abaixo do texto principal, tinha um desenho, orientando para que eu jogasse essa caca dentro do próprio vaso...

Ok, ok... pensei... não é usual, mas ta escrito.

Fi-lo.

Tudo bem... limpei-me completamente... aos trancos e barrancos, por causa da turbulência.

Resolvi sair, me segurando, daquele calabouço.

Todos, no avião, estavam presos ao cinto de segurança, e me olhando como se eu fosse um sobrevivente heróico de uma explosão nuclear...

Isso daria um filme.

Biografia?

Um jovem nascido em 1977 pode ter poucas histórias antigas para contar mas, se foi um observador atento, certamente viu o mundo em que vive transformar-se numa velocidade inimaginável.

Tenho, como primeiras lembranças vivas em minha memória, a aconchegante casa onde morava: a mesma casa onde meus pais vivem até hoje. Um lugar simples mas com uma paz imensurável. Um lugar onde eu podia brincar, na rua, sem medo de que algum carro me colocasse em perigo. Era muito raro isso acontecer.

Lembro do cãozinho feliz de minha mãe, que tinha ciúmes de mim e escondia meus bicos todos os dias, razão pela qual eu tinha uma coleção deles para reposição em ocasião oportuna.

Esse mesmo cãozinho acompanhava minha mãe até o “Colégio Estadual Luiz Bertoli”, onde ela era professora, em três períodos diários, e aguardava até seu retorno.

A Rua onde eu morava é a Avenida Luiz Bertoli. Não havia calçamento, mão única, meio-fio, movimento, barulho, preocupação. Muitas vezes eu e o meu triciclo éramos os únicos habitantes daquela rua.

As lembranças que me fazem sorrir são uma estrada de chão batido, quase sem movimento; a feira livre, onde podia sentir o cheirinho de frutas, verduras, legumes e torresmo, logo de manhã, coisas que eram vendidas num pequeno burburinho que se dissipava antes das 10 da manhã; ainda posso sentir o odor de madeira-de-lei recém-cortada na serralheria, atrás de minha casa.

Eu sempre brincava, alegremente, na minha vizinhança. Meus pais não precisavam se preocupar com quem eu estava, pois todos se conheciam como a irmãos. A confiança que se tinha nos vizinhos era algo que me parecia tocar o infinito.

Meu pai passava os finais de semana fora, tocando com conjunto “Coringas”, na sua primeira formação. Os músicos viajavam em um carro chamado Veraneio. Todos tinham cabelos longos e barbas bem cuidadas, e faziam muito sucesso por aí.

Adorava comer os bolinhos de chuva que minha mãe fazia, mas também filava bolinhos de arroz, bananinhas e outras guloseimas da “Dina”, nossa vizinha, que também foi responsável por alguns dos quilinhos que fui ganhando com o tempo.

Meu pai fazia brinquedos divertidíssimos para mim! Eram estilingues, carrinhos de madeira, arco e flecha com um elástico de roupa, espadas e escudos de madeira. Então eu virava herói: Batman, Superman, Homem-Aranha... só não lembro de ter sido o Capitão Caverna (observação: penso hoje que essa poderia ter sido uma ótima idéia, se não fosse pelas gozações que eu sofreria de meus amiguinhos).

Vestidos de heróis, eu e meus amiguinhos íamos até os fundos da casa da “Oma Seemann”, onde ela criava umas vaquinhas que eram alvos de nossas flechas certeiras, imaginando que fossem “horrorosos monstros do além”.

Eu era o campeão de tiro ao alvo com estilingue, entre a vizinhança!

Ah, não posso esquecer que meu pai comprou uma espingardinha de pressão, para matar os ratos que vinham da serralheria, lá para casa. Um dia peguei essa espingardinha e alvejei o braço de um amigo meu... não sei o porquê, mas a espingardinha sumiu depois disso!

Quando ganhei uma bicicleta, foi uma festa: era uma “bicicross” amarela, com rodinhas auxiliares para que eu me mantivesse intacto sobre ela. A primeira, desse estilo, na cidade inteira.

Não demorou muito, caí. Estrebuchei no meio-fio recém construído da minha rua e aposentei a bicicletinha por quase um ano.

Quando cresci um pouquinho mais, criei senso crítico e pensei que tinha capacidade para aprender a pedalar. Dito e feito. Com esse mesmo senso crítico, aprendi a achar graça e desconfiar de certas coisas que via em nosso aparelho de TV (preto e branco, logicamente).

Entrei na escola. Primeira série. Colégio Estadual Luiz Bertoli.

Lembro bem de um tal de Ulysses Guimarães, falando uma palavra que, na época, eu não entendia, mas que hoje faz muito sentido: “DIRETAS JÁ”. Assustava-me o modo como eu via milhares de pessoas, na TV, com cartazes, faixas, palavras de protesto e canções, elogiando essas tais de “DIRETAS”. Era o ano de 1983.

No mesmo ano lembro que choveu um bocado e os rios inventaram de encher e querer transbordar. Eu nunca tinha visto isso, mas a expressão preocupada de meus pais também me preocupou.

Mesmo tendo apenas 6 anos de idade, ajudei meus pais a erguer todos os móveis lá de casa (ainda bem que eram poucos), para salvá-los de eventual enxurrada.

No mês de julho, então, estávamos nós, com os móveis nas alturas, mas com esperanças de que nada aconteceria. Nosso vizinho, Heinz Seemann, como de costume, assentava-se no banquinho de madeira em frente à sua casa e tragava um palheiro perfumado.

De repente, e não mais que de repente, as águas do rio começaram a invadir nossa tranqüila rua.

Corre! Depressa! Pega as roupas! A água vai entrar!

Não entendi como o rio pôde ser tão voraz. Lembro que minha mãe mandou que eu comesse bem, pois não sabia quando comeríamos novamente.

Que confusão! Esse menino de 6 anos de idade fazendo força para levar o que fosse possível para um lugar mais alto... Minha mãe, que é a pessoa mais forte que conheço, ficou muito triste.

Levamos tudo que conseguimos para o Jardim de Infância Bom Pastor. Parece que meia Taió teve a mesma idéia... não havia lugar para todos. Foi um aperto só. Dormimos mal, comemos mal, não tomamos banho.

Meu pai tinha um Maverick, ano 1974, equipado com Rádio Amador. Era a única comunicação com o mundo exterior.  Pela vez primeira, em minha vida, vi um helicóptero, da Defesa Civil, que nos trouxe comida e remédios.

Ficamos muitos dias nessa situação. Peguei hepatite. Ganhei um violão (meu aniversário era logo, e ninguém sabia se íamos voltar, ou não).

Quando voltamos para casa, nossos móveis tinham sido, todos, destruídos pela água, nossa casa ficou quase que inteiramente submersa.

Foi muito triste. Dormimos no chão. Não tínhamos geladeira, fogão, cadeiras, sofá, máquina de lavar. Compramos tudo de novo.

 Em 1984, nova enchente... Mês de agosto. Esse menino, com 7 anos, ajudou a carregar tudo de novo. O Pastor da Igreja Evangélica nos cedeu um lugar privilegiado: a garagem da casa Pastoral, onde hoje funciona a Secretaria da Paróquia.

Dormimos lá. Tudo empilhado, mas aliviados, pois nossa casa ficara vazia.

Dessa vez a água não fez o mesmo estrago. Ainda bem!

Enquanto a vida voltava ao normal, fui estudar no recém criado Instituto Nossa Senhora de Fátima, que hoje é o Colégio Cenecista. Segunda série.

Foi o máximo! Tínhamos que ir de carro para a aula... Havia uns rapazes um pouco mais velhos que iam de mobilete. Aprendi inglês! Good morning, The book is on the table, I Love my family…

Meu pai comprou um carro novo, um Corcel vermelho. Reformou inteirinho, ficou lindo!

 Em Taió, começavam a crescer as casas com telefone. Foi preciso criar uma central para isso tudo. Surgiu a TELESC, ao lado de minha casa. Era um caixote de latão de 9 metros quadrados, onde cabia tudo: fios, peças, luzes piscando, e barulho, muito barulho!

Imaginem: cada vez que alguém fazia uma ligação (que era discada, e não digitada), ouvia-se, lá em casa, um TLEC, TLEC, TLEC, PRECT, PRRRRRECT!!!!

Ruim era quando alguém fazia ligações à noite. Acordávamos num pulo!

Um pouco adiante, lembro que uma turma de japoneses invadiu nossa cidade. Diziam ter a receita da prosperidade. Apresentaram um bicho esquisito para nós: o bicho da seda!

Eu imaginava que a seda só se comprava em lojas de tecido, como Ervino Tomelin e outras... nunca tinha pensado que uma minhoquinha tivesse a capacidade de fazer algo tão belo e sutil.

Inauguraram a KANEBO. Festa! Apresentaram a mágica do bicho da seda no CTG. Festa e multidão aplaudindo!

Todos pensavam que iam ficar ricos. A família de um amigo meu endividou-se para comprar um monte de bichinhos da seda. Deu em quase nada, infelizmente.

Também na década de 90, criou força, na cidade, a Perdigão. Do nada, apareceram uns caminhões com gaiolas, transitando por aí. Isso não era comum, e ainda por cima catingava!

Mais e mais caminhões transportando frangos; menos e menos caminhões levando madeira. Madeira de Lei, nem se fale! As toras da vez eram pinheiros mesmo!

Comecei a ver o sucesso e a beleza em outra área... a Fanfarra Municipal. Eu sempre imaginei que fanfarra era algo que só existisse em 7 de setembro, e só tocasse o tradicional “senta-levanta”.

Um professor meu, de educação física, inventou de revolucionar essa batuqueira. Fez um corpo coreográfico de pernas de fora, ajuntou muita, muita gente para esse projeto.

Para minha grata surpresa, surgiu um maestro, com olhinhos repuxados, que hoje é meu melhor amigo, que começou a fazer com que aquele monte de gente tocasse música de verdade. Música popular, que fazia sucesso, tocada com cornetas, trompetes, liras, repiques, surdos, pratos e tudo o mais!

Meninas com poucas roupas fazendo coreografia. Os marmanjões babavam... A fanfarra se apresentava no dia 7 de setembro, no dia do município, no dia do colono, no dia do índio, no Natal... só faltou apresentar-se em casamentos! Orgulho taioense!

Inventaram as Olimbairros. Olimpíadas entre bairros. Cresce a rivalidade entre a cidade inteira. Eu vou no tênis de mesa! Perco para meu técnico. Treino mais. Nos anos seguintes fui bem.

Lembro bem das históricas gincanas, lá pelos anos de 92 ou 93.

Cidade inteira em polvorosa. Provas absurdas e criativas. Tivemos que achar e trazer um monte de Sanseis com olhinhos puxados. Arrumamos um ônibus inteiro deles. Mais de 40. Confesso que achei muito engraçado ver aquele  monte de gente igualzinha entrando no palco. Xerox, fotocópia; Xerox, fotocópia; Xerox, fotocópia!

Apareceu um ônibus lotado de polacos lá de Santa Terezinha. Cada estrangeiro contava “x” pontos.

Veio um sujeito com certidão de nascimento em grego. Ninguém conseguia decifrar. O Wanderlei da Câmara que teve que se virar. Chamou o Cassio Goetten, o Pastor Frederico, da igreja Evangélica, o Gladimir Trentini, e estes resolveram acreditar que aquilo era, mesmo, uma certidão de nascimento em grego.

Procura livro antigo. Corre! Werner Windisch saca uma Bíblia da época da Bíblia (na verdade, era do século XVI). Procura livro grosso... EU TENHO! Decifra charada, mostra conhecimento, reúne todo mundo! Alguém toca violino? Abóbora gigante? Homem mais alto? O mais gordo? Casca de laranja mais comprida? Pega o porco no banhado!

Corre de bicicleta, arruma um radinho pra ouvir as provas! Eia, festa! Isso faz falta.

Pouco tempo depois, entrei na faculdade de Direito. Viajando todos os dias, de ônibus. Dois empregos. Corre-corre. Trabalhos de aula datilografados.

Surge a revolução nas comunicações: Telefone Celular!

Meus pais compraram um. Aquilo mais parecia um instrumento medieval de tortura. Era grande, barulhento, feio, pesado. Se caísse no pé do cidadão, amputaria um dedo, com certeza. Bateria? Sim, mas durava 1 hora.

Comprei Micro-computador. A memória dele era de 600 megabytes. Cabiam 20 trabalhos escolares, aí tinha que começar a deletar.

Tornei-me advogado. Casei.

Apareceu Internet discada, internet banda larga, internet via rádio.

Vi Festival da Canção, Fescolar, Vitrines decoradas para 7 de setembro, concurso de redação, concurso de poesia, bolo de 100 metros do Rotary!

Agora as informações vêm a jato! Greves, movimentos sociais, desastres. Ficamos sabendo de TUDO, até do Tsunami lá no outro lado do mundo.

Continuamos fazendo história. Agora há uma turma de jovens que começa a revolucionar a cidade. Chamam-nos de JUDEF. Vão fazer uma festa caipira diferente. Vai ter até touro mecânico!

Engraçado é ver que, para Deus, isso tudo passou em um segundo.